Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), em relatório
divulgado em 2017, o Brasil é o país com o maior número de pessoas
deprimidas da América Latina. A estimativa, na época, era de 11,6
milhões sofrendo do distúrbio. Quando o assunto é o ranking mundial, o
país ocupava a quinta posição. Nesse sentido, falar de inteligência
emocional e formas de lidar com os problemas e questões, especialmente
na infância e adolescência, é fundamental.
Nesse
sentido, várias escolas de Teresina já estão se adequando à nova
realidade tanto social como no ensino. É que a Base Nacional
Comum Curricular (BNCC) já incluiu as competências socioemocionais no
currículo e as instituições de ensino precisam aderir. Mas, segundo
conta Kelen Viana, que é coordenadora de Disciplina e Rendimento em uma
escola privada da Capital, trabalhar essa questão vai além de requisitos
do Ministério da Educação.
Na
escola onde ela atua funciona o Projeto Conviver, que é ligado ao setor
de Psicologia da instituição e tem como base a Escola da Inteligência,
do psiquiatra e escritor Augusto Cury. O objetivo é ajudar os alunos em
seus processos emocionais, do ensino infantil ao médio.
?Diante
das questões que aparecem diariamente na escola e a BNCC já traz a
inserção da disciplina de habilidade socioemocional no currículo
escolar. Nós procuramos trabalhar nesse sentido. (…) As psicólogas
entram em sala de aula, uma vez por semana, por 50 minutos, a gente faz o
trabalho com os alunos. Nós chamamos de momento de convivência, onde
contribuímos com a gestão das emoções?, explica.
Kelen
lembra que os alunos trazem uma carga emocional muito grande e o modelo
educacional mudou, focando não apenas nos aspectos intelectuais, mas
emocionais também, e entendendo o aluno como um ser completo. Entre os
temas trabalhados estão resiliência, empatia, resolução de conflitos e
ansiedade. Como resultado, a coordenadora observa melhora no aprendizado
e redução na indisciplina.
?Os
nossos alunos tinham muitas questões relacionadas às emoções. A forma
como o aluno estava lidando com determinadas situações trouxe pra gente
um olhar mais cuidadoso. Trazendo o Projeto Conviver conseguimos
trabalhar situações e [observar] ?como eu vou agir diante dessa
situação???, completa Kelen Viana.
Paralelo
a isso, a escola realiza acompanhamento com as famílias. São quatro
encontros por ano para trabalhar essas questões com eles.
Resultados são sempre muito positivos, avaliam os alunos
Durante
as entrevistas, todos foram unânimes em ressaltar os benefícios
positivos do trabalho realizado por meio dessa disciplina. Os alunos são
receptivos à ideia e veem no momento da aula, uma oportunidade de
diálogo e de aliviar as tensões do dia a dia, especialmente escolar.
O
estudante Felipe Ferreira, 15 anos, diz que o projeto é importante para
fortalecer o diálogo e a resolução de problemas, especialmente entre os
adolescentes que têm maior dificuldade de falar sobre os sentimentos.
Para ele, o acompanhamento é fundamental.
?Quando
a gente está no ensino médio começa a ter uma pressão maior. A escola
criando um grupo de convivência é muito importante para trabalhar o
psicológico, porque muita gente não acha sanidade mental algo
importante, mas nessa fase é mais importante ainda, porque estamos
formando a nossa personalidade?, analisa.
Ao
mesmo tempo em que concorda com Felipe, a estudante Marister Evelyn, 15
anos, enfatiza que o projeto ajuda a lidar com a competitividade e
pressão oriundas da busca por uma colocação no vestibular. ?O
projeto vai ajudando a gente a ter um psicológico melhor para a
concorrência e vai ajudando a se preparar para o ENEM. Eu achei muito
importante porque não precisaremos ter o acompanhamento fora da escola. A
própria escola já te oferece isso?, completa